A abstração é uma faculdade da mente que se traduz na capacidade de isolar um determinado elemento e considerá-lo por si mesmo, fora do contexto em que estava inicialmente inserido, ou num contexto totalmente diferente, alterando a sua leitura e o seu significado. Este conceito, transposto para o campo artístico, traduz-se na denominada “arte abstrata”, termo que se aplica à utilização de valores estéticos, como a forma e a cor, dissociados da representação de seres ou objetos concretos, reais, identificáveis. Deste modo se opõe à denominada “arte figurativa” que trabalha com a representação plástica do que possui uma aparência real, objectiva, concreta e identificável.
A arte abstrata, intuitiva ou racional, usa a relação das cores, das linhas e da mancha, criando superfícies que compõem uma realidade que só existe na mente do pintor. Durante as várias fases por que passou a minha obra, o abstracionismo foi desenvolvido por um largo período em que experimentei técnicas e formas várias. No entanto, ficava sempre um gosto a incompleto que me incomodava, faltava sempre a “alma” do quadro, a vida própria que a obra deve ter, a personalidade que podia desafiar-me, fazer-me sonhar e causar emoção. De pesquisa em pesquisa cheguei ao que sou hoje e a uma técnica que me agrada, porque toda ela reflete as técnicas e os temas que me desafiam…(ver “obras de 2017” no separador «Galeria Criação») combino o abstrato feito com colagens, texturas, folha de ouro, textos… e o figurativo que representa quase sempre num rosto feminino, sendo este por sua vez a imagem da minha interioridade, do que sou, do que penso, das minhas dúvidas, das vitórias…de onde venho? Para onde vou? …o início e o fim.